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Latin Ncap: Esclarecimentos sobre o novo protocolo

Antes de iniciar a leitura desse artigo, gostaria de explicar aos leitores que a matéria anterior sobre as pontuações nos testes de impacto, era especificamente, e exclusivamente em referência ao score de acordo com o antigo protocolo. A intenção era fazer uma analogia apenas em cima da pontuação em relação ao impacto frontal (individualmente). Não tem nada sobre o novo protocolo.

Gostaria de deixar isso bem claro, já que a Latin Ncap avalia a segurança como um todo, e não parcialmente. Ficando isso bem claro, segue agora a explicação do novo protocolo e o seu respectivo score, com informações que me foram gentilmente esclarecidas por Alejandro Furas, Secretário geral da Latin Ncap, e Diretor técnico da Global Ncap.

O novo protocolo desde 2016 avalia o impacto frontal 16 pontos, mais o impacto lateral 16 pontos, mais 1 ponto do aviso de cinto de segurança frontais, e mais 1 ponto do aviso de cinto de segurança traseiros. Tem também a avaliação do teste do ESP (Controle de Estabilidade), e impacto lateral sobre um poste (se possuir airbags de cortina). Dessa forma, o total alcança 34 pontos.

Score do novo protocolo= 0 a 3.99 (zero estrela); 4 a 9,99 (uma estrela); 10 a 15,99 (duas estrelas); 16 a 21,99 (três estrelas); 22 a 26,99 (quatro estrelas); 27 a 32 (cinco estrelas)

As Ncaps não avaliam a estrutura do carro, e sim a segurança como um todo. Contudo, se o carro for considerado com estrutura instável, é subtraído 1 ponto. Importante lembrar que se não for testado o impacto lateral sobre o poste, somente não terá possibilidade de alcançar as 5 estrelas. E se não possuir ESP (Controle de Estabilidade) não terá possibilidade de alcançar mais de 3 estrelas, independente da pontuação que obter.

Desde 2016, Latin NCAP considera como segurança passiva (conhecida como secundária) a proteção em impacto frontal e lateral como segurança integrada ao conjunto do contexto geral, já mencionado acima. Um carro pode ser melhor que outro em impacto frontal, mas o relevante é a segurança passiva total (frontal junto com o lateral). Até porque nós não escolhemos o lado para bater no momento do acidente. Um motorista pode até ter chances de evitar um acidente frontal, mas é muito difícil evitar um acidente lateral – quando – e por imprudência do outro motorista.

Como exemplo, na matéria anterior citei sobre o Renault Kwid, Chevrolet Onix, e Ford Ka, mas uma ressalva, o Onix e Ka podem até serem melhores na batida frontal comparando com o Kwid, contudo o Kwid tem proteção melhor na batida lateral. Importante lembrar que o corpo humano tem capacidade para absorver e sofrer menos lesões num impacto frontal do que em comparação com um impacto lateral. Além disso, o carro possui uma capacidade maior de absorver um impacto frontal, e também possui um espaço maior a frente do corpo humano, sendo que num impacto lateral há muito menos espaço, e muito menos absorção do impacto. Por esse fato, a proteção lateral do Onix e Ka, possui grande probabilidade de risco de ferimentos gravíssimos e de risco de morte.

Resumindo, a soma de pontos da segurança passiva TOTAL é melhor no Kwid do que no Onix e Ka, pois o Kwid evita ferimentos críticos (de risco de morte) em zonas críticas do corpo humano (dummies). Enquanto que o Onix e Ka tiveram um desempenho fiasco no impacto lateral, por isso ambos foram qualificados com zero estrela. Quanto ao Ford Ranger também citado na matéria anterior, importante lembrar que por ser uma picape, ele é alto (centro de gravidade elevado), com peso maior, assim a ausência do ESP é um fator mais importante a ser considerado na segurança como um todo em comparação com outros carros.

Se pode inferir pelas pontuações que a Ranger tem melhor segurança passiva que o Kwid, porém não oferecer o ESP do modo exigido pela Latin NCAP, limita o resultado a 3 estrelas. A Latin NCAP informa em estrelas para a segurança geral, mas especifica com as pontuações para o nível de segurança passiva (secundária) em proteção aos ocupantes, e os dummies em cores.

Sei que para muitos isso pode ser polêmico, mas a explicação está bem clara, a avaliação e as estrelas são sobre o contexto geral. A Latin Ncap recomenda fortemente aos leitores e consumidores visitarem o site da Latin Ncap, olhar a pontuação total, e as cores dos dummies. Infelizmente muitas pessoas leem apenas o título de uma máteria, alguns leem o texto, e a minoria acessam o site da Latin Ncap. As estrelas estão ali para simplificar. Contudo, para deixar as pontuações de forma mais vísivel, a Latin Ncap me informou que a partir dos próximos resultados passará a informar as pontuações frontais e laterais separadamente.

Obs: No site da Latin Ncap, os testes feitos sobre o novo protocolo, as estrelas estão nas cores amarelas para uma melhor visualização.

Algumas perguntas e dúvidas frequentes sobre o Latin Ncap:

1 – Nos testes, a Latin Ncap considera qual versão do carro?
R. Mesmo que o carro testado seja o modelo top de linha, é considerado a configuração mais básica de segurança disponível na América Latina.

2 – Por que testaram o Ford Ranger vendido na Argentina?
R. Pelo mesmo motivo da resposta anterior, até porque não é Brasil Ncap, e sim Latin Ncap.

3 – Por que o Volkswagen Polo recebeu 5 estrelas, sendo que o modelo básico não possui ESP de série?
R. O Volkswagen Polo possui ESP como um ítem opcional na sua versão de entrada, e recebe 5 estrelas desde que a maior parte do mix de vendas tenha ESP de série. Latin NCAP exige que para considerar o ESP na avaliação, o modelo deve ter pelo menos uma quantidade igual em relação a quantidade da versão mais vendida produzido com ESP, além de que o ESP deve ser um opcional único (sem outros equipamentos extras), e depois de 2 anos deve estar presente em todas as versões como um ítem de série.

4 – De acordo com o que foi dito na matéria anterior, o Fiat Mobi não deveria ter duas estrelas considerando o menor desempenho? Por que ele recebeu 1 estrela?
R. A matéria anterior estava bem explícito que era sobre pontuação do protocolo antigo (até 2015), o Mobi foi testado no novo protocolo, por isso o score é do novo protocolo (soma do impacto frontal, e lateral, além dos avisos de cintos se disponíveis). Quando citei “menor desempenho”, foi em referência ao fiasco do impacto lateral do Onix e Ka, por esse fato, independente do resultado do impacto frontal, receberam zero estrela. Como dito na matéria anterior, o Mobi recebeu score total de 19,20, basta agora olhar a tabela acima. Na batida lateral, comparando o Ka, Onix e Mobi, todos eles tiveram um desempenho ruim na proteção do ocupante.

5 – O resultado da versão hatch, valem também para versão sedan?
R. Sim, por esse motivo a nota de zero estrela do Onix vale também para o Prisma. O mesmo caso para Ka hatch e Ka sedan.

6 – Por que o Renault Captur não foi testado no impacto lateral de poste? Uma vez que ele tem airbags laterais do tipo extensor até a cabeça (igual do Polo).
R. A Renault não quis patrocinar o teste de poste. O teste de impacto lateral é obrigatório, mas o de poste fica a decisão da montadora se quer ou não fazer, mesmo que isso seja sempre necessário para obter as 5 estrelas (adulto) quando o carro possuir a proteção lateral para a cabeça.

7 – Os carros exportados para o Brasil, eles tem a mesma segurança obtida nos seus respectivos Ncaps locais?
R. Depende. Se o carro é um modelo produzido com a intenção de vender para o mercado interno local, e apenas algumas unidades são exportados para o Brasil, nesse caso tem grande possibilidade que a segurança seja a mesma. Mas se o carro é um modelo produzido com intenção de exportar para outros mercados emergentes, nesse caso existe grande probabilidade de haver cortes de custos. Não vou citar o nome da montadora em específico, mas produz carros no México, e mesmo o carro saindo da mesma fábrica, uma linha de produção é para ser exportado para o mercado americano, e a outra linha de produção é para a américa latina. O modelo que vai para o mercado americano recebe airbags frontais maiores e de duplo estágio (mais moderno) com airbags laterais, de cortina e ESP. Enquanto que o modelo que é exportado para países emergentes como o Brasil e Mercosul, recebe airbags frontais menores e de simples disparo, sem airbags laterais, sem airbags de cortina, e ESP opcional. Creio que isso não é nem novidade aos leitores, já estamos acostumados em receber sempre o resto. É possível mudar o mercado mais rápido se os consumidores começarem a dar preferência aos carros com mais segurança, e exigir o mesmo das montadoras, assim como a Latin Ncap exige constantemente.

Por Lucro Brasil (agradeço a colaboração do Alejandro Furas, Secretário geral da Latin Ncap / Diretor técnico da Global Ncap)

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