Hoje em dia, o transporte público está bastante complicado de usar para muita gente. A falta de planejamento urbano e investimentos em modais que atendam de fato toda a população, bem como a precariedade de muitos meios de transporte, faz com que muita gente acabe trocando metrô, ônibus e trem pelo automóvel. Por ser mais versátil que os demais, o carro acaba sendo a escolha mais viável em muitos casos.
Mas, atualmente, não é necessário realmente você ter um carro na garagem para ir trabalhar, estudar, comprar ou simplesmente passear. Os serviços de aplicativo, tais como o Uber, por exemplo, estão plenamente disponíveis em quase qualquer lugar. Basta alguns toques na tela do smartphone para que um veículo com condutor treinado chegue ao local no tempo estimado no próprio aplicativo.
Rápido, barato e seguro, esse novo meio de se locomover chegou como um forte concorrente dos táxis, o que motivou muitos distúrbios e protestos da categoria em todo o mundo. Pagando-se em dinheiro ou debitando no cartão, os serviços de transporte por aplicativo se popularizaram rapidamente, embora com queda na qualidade em muitos casos. De qualquer forma, se utilizar deles hoje em dia é uma vantagem para quem não tem carro e precisa de um meio prático e rápido para chegar ao destino.
Mas, e para quem tem ou pretende ter um automóvel? A escolha entre automóvel e Uber parece complicada, mas não é. A questão toda está relacionada com o que se vai gastar com automóvel anualmente e quanto será o custo de se utilizar o aplicativo por igual período. Uma questão importante em tudo isso é o quanto se roda mensalmente. É preciso levar em consideração os custos atribuídos ao automóvel anualmente.
Não basta apenas adquirir o carro, existem diversos custos extras que entram na conta, além do preço pago. Seguro, IPVA, Licenciamento, DPVAT, depreciação, manutenção, lavagem, estacionamento, consumo, preço do combustível, multas e custo de oportunidade, que é o custo de se abrir mão de investir o mesmo valor numa aplicação que dê um retorno maior. Para viagens dentro da cidade, os apps de transporte funcional bem.
Porém, para viagens entre cidades, a opção já não se torna tão vantajosa por conta do custo. Mas, como a maioria das pessoas trabalha e mora na mesma cidade, então o app se torna uma ferramenta importante para se reduzir o custo com transporte. Porém, devemos relembrar que isso varia de acordo com a quantidade de km percorrido diariamente. No exemplo abaixo, simulações de situações diferentes com as mesmas condições de percurso diário com carro ou Uber, mostram que o aplicativo só é vantajoso para quem roda até certo limite. Nesse caso, até 30 km diários. Acima disso, é mais vantagem dispor de automóvel próprio, vejamos:
Custos atribuídos ao automóvel
Utilizamos como base o ticket médio de preços dos automóveis brasileiros em 2017, que foi de R$ 71.000. Esse é um valor correspondente ao de um SUV compacto, por exemplo. Usamos esse exemplo por causa do crescente aumento nas vendas desse tipo de veículo. Assim, colocamos o Ford EcoSport 2019 na versão de acesso com um valor adicional em documentação e eventual acessório, totalizando R$ 1.000. Trata-se apenas de um exemplo, apenas isso!
No caso do seguro, utilizamos o valor do prêmio divulgado pela Ford através de seguro próprio da marca no momento do lançamento do modelo, que era de R$ 2.846 sem algumas exigências comuns desse tipo de cobertura. Da mesma forma, calculamos o IPVA de 4% (máximo por estado) de R$ 2.840. O custo com Licenciamento também foi incluído, nesse caso: R$ 85,24. O seguro obrigatório (DPVAT) sai por R$ 67,84.
Continuando a somatória, o custo de manutenção do Ford EcoSport no primeiro ano é de R$ 432, ou seja, R$ 36 por mês. Já o custo de R$ 332 com estacionamento mensal é a média da cidade de São Paulo, que usamos como exemplo. Na mesma cidade, o litro da gasolina sai por R$ 3,94 em média. Já o consumo urbano com este combustível para o SUV compacto fica na casa de 10 km/litro (10,4 km/litro no Inmetro). No caso da depreciação, a média dos automóveis no geral é 8% no primeiro ano, ou seja, R$ 5.680 em 12 meses. Por fim, o custo de propriedade é de R$ 461,50, isso com base na taxa Selic sem impostos no mesmo período. Nem foi considerado o custo com lavagem e multas, pois pode-se lavar por conta própria e também pode-se ficar um ano inteiro sem tomar multa.
Quanto custa andar de Uber?
Bom, na conta acima, falta um fator importante em toda essa história, a quilometragem diária e mensal. Mas, antes de chegarmos a ela, precisamos saber quanto custa andar de Uber. Em São Paulo, no serviço UberX, que é o mais em conta, o custo por km/rodado é de R$ 1,50. No caso da bandeira, o valor é de R$ 2,00. O preço por minuto fica na faixa de R$ 0,26, enquanto o custo fixo por corrida fica em R$ 0,75, onde o tempo de viagem é em média 25 minutos.
Comparando os custos por quilometragem
Agora sim, vem o custo de fato com base na quilometragem. Tomando o exemplo acima e com base numa média mensal de 1.000 km, o custo anual com automóvel no total será de R$ 27.433,20. Isso tendo-se um custo mensal de R$ 375,06 com combustível. Calculando-se as viagens de UberX para igual quilometragem, o custo anual chega a R$ 19.538,29, totalizando 44 corridas mensais (22 dias úteis em média). Então, a economia será de R$ 7.894,93, ou seja, o preço de uma moto zero km.
Se a média percorrida mensalmente dobrar, ou seja, for de 2.000 km, o Uber deixa de ser vantagem, mesmo com o custo do automóvel subindo para R$ 32.239,70. Note que a diferença é de R$ 4.806,50. Agora, quando se compara com o aplicativo de transporte, a diferença salta para R$ 14.653,72! Ou seja, o custo com esse serviço sobe para R$ 34.192,01. Nesse caso, paga-se a mais R$ 1.952,31 para andar de UberX. Ou seja, é mais vantajoso andar com carro próprio. O custo só iguala por volta dos 1.800 km mensais. Então, se a quilometragem mensal for baixa, é mais vantajoso andar de Uber.
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